segunda-feira, 29 de julho de 2013
Games e violência
Com o constante desenvolvimento tecnológico que possibilita videogames mais potentes e capazes de gerar gráficos cada vez mais realistas, os jogos também estão se tornando mais violentos. Sempre houveram games densos e agressivos como Mortal Kombat e Doom, entretanto foi com a implantação dos gráficos tridimensionais e o surgimento de Grand Theft Auto no final da década de 1990 que a discussão começou a tomar forma. Mesmo antes do polêmico GTA 3, no ano de 2001, alguns estudos já relacionavam os videogames ao comportamento violento de alguns jogadores.
No entanto, após a virada do século, tornou-se intensa a hostilidade da mídia em relação aos games mais pesados e sangrentos. Isso não abalou a indústria, muito menos os títulos violentos, pois nos últimos anos cresceu vertiginosamente a procura por games de tiro em primeira pessoa, luta e outros gêneros, digamos, nem um pouco dóceis. Atualmente a franquia mais bem sucedida do mundo vem sendo Call of Duty, que alcança dezenas de milhões de vendas a cada título com seus jogos lançados anualmente, mas essa hegemonia vem sendo criticada por psicólogos, pesquisadores, políticos e pela mídia. Ano após ano, estudos tentam relacionar jogos de tiro a diversos distúrbios de comportamento e até mesmo massacres que ocorreram em locais como escolas ou cinemas. Parlamentares americanos já até tentaram restringir a venda de alguns tipos de games. Será que eles estão certos ou é precipitado afirmar que videogames tenham alguma relação com a violência?
Bom, primeiro devemos esclarecer que após a popularização dos consoles, a violência entre jovens caiu bruscamente nos EUA. Segundo dados do próprio governo americano, de 1995 a 2005, a taxa de crimes cometidos por jovens entre 14 e 17 anos caiu quase 70%. Ou seja, exatamente durante a época em que os jogos estavam se tornando violentos, os jovens cometeram um terço dos crimes que cometiam antes. A “geração Playstation” atingiu o índice mais baixo de violência já registrado para sua faixa etária.
Ainda segundo o governo americano, os dados referentes a 2008 demonstram que essa queda na violência dos jovens continuou. Ou seja, no ano em que GTA IV foi lançado, essa faixa etária não sofreu mudanças no comportamento em relação a atos violentos. Claro que existem pesquisas sugerindo efeitos negativos desse tipo de jogo para crianças e jovens. Contudo esses estudos apontam apenas tendências e estatísticas vagas e inconsistentes. Mas por que são levados às últimas consequências? Existem duas explicações possíveis para isso.
É vantajoso para a mídia divulgar essas informações como se fossem provas conclusivas de que jogos de videogame possuem a capacidade de transformar pessoas de bem em seres perigosos para a sociedade, afinal cada hora que você passa jogando Call of Duty com seus amigos é uma hora a menos de audiência para a TV. É com base nesse mesmo princípio que tantas reportagens sobre riscos de navegar na internet são divulgadas. Passar 3 ou 4 horas por dia na internet é um vício, mas passar esse mesmo período assistindo TV é tido como normal.
Talvez não seja uma conspiração da mídia, mas as pessoas estejam apenas ingenuamente tomando o efeito pela causa. Não são os videogames que transformam uma pessoa pacífica em uma violenta. Dizer isso é como afirmar que frequentar restaurantes caros torna as pessoas mais ricas. Na verdade, são os indivíduos cujo comportamento é agressivo que se sentem atraídos por jogos violentos. E não apenas os games, mas também filmes, livros, programas de TV e várias outras coisas. Mesmo que não houvessem esses jogos, as pessoas violentas não deixariam de ser assim, pois isso é apenas um estímulo a mais.
Enquanto os pesquisadores batem cabeça para saber se ovo faz bem ou mal à saúde e se videogames melhoram ou pioram a atenção dos estudantes, estamos às vésperas do lançamento de GTA V. Fique tranquilo, pois caso você jogue esse game tão aguardado, não se tornará uma pessoa violenta. Aprecie seus jogos violentos sem moderação!
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