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terça-feira, 19 de junho de 2012

"Indústria" de games

Dizem que a essência dos videogames é a diversão, pura e simples. Nós, jogadores, crescemos acreditando nisso e vivemos muito bem com essa realidade, afinal pensamos que os jogos estão lá prioritariamente para nos divertir e nos fazer relaxar. Mas será que essa ideia está realmente correta?
Antes de mais nada, saibam que sim, os games realmente foram feitos para divertir. Essa não é a questão central do texto de hoje. O "x" da questão é que os jogos estão inseridos num cenário econômico muito maior, e não podemos nos esquecer que por trás de cada píxel está toda uma indústria de games. E quando se fala em indústria, é impossível não relacionar isso a dinheiro.

Os games são a indústria que mais cresce no mundo, obtendo lucros quase duas vezes maiores que os filmes, segundo especialistas. Em 2010, os jogos movimentaram US$60 bilhões, enquanto todas as películas produzidas em Hollywood faturaram "apenas" US$31,8 bilhões. Call of Duty: Modern Warfare 2, lançado em 2009, gerou 550 milhões de dólares em vendas nos primeiros cinco dias. CoD Black Ops bateu esse recorde no ano seguinte, com 650 milhões, que foram batidos ano passado por CoD Modern Warfare 3, que arrecadou singelos 775 milhões de doletas nos primeiros cinco dias, tornando-se o lançamento mais bem-sucedido da história do entretenimento.
Isso é algo bom, certo? Com mais dinheiro as produtoras desenvolvem jogos melhores e quem ganha com isso é o consumidor. Bom, isso não deixa de ser verdade, em termos. Mas toda moeda tem dois lados - até as milhões de moedas que a Activision lucrou com a série Call of Duty. Muitas das empresas possuem capital aberto, ou seja, precisam atrair investimentos e gerar lucro para continuar funcionando. Todos sabemos que nem sempre o melhor jogo é o que vende mais...

É por isso que vários jogos baseados em filmes são produzidos às pressas e porcamente para serem lançados simultaneamente à versão para as telonas. Adaptações de filmes para consoles geralmente decepcionam e não são bem vistas pelos jogadores. Mas mesmo não correspondendo às expectativas, esse tipo de produção costuma vender bem. Afinal, muitos leigos não sabem que estão comprando um game mal feito, apenas por ter o nome do filme que tanto gostam estampado na capa. Outro exemplo são os joguinhos coloridos que assolam os consoles há tempos. Os gamers mais hardcore não gostam, mas é impossível negar que esses jogos vendam muito bem - mais do que merecem.

A necessidade de lucros também faz com que as empresas tenham medo de arriscar e se mantenham sempre numa zona de conforto. A Nintendo é um dos raros exemplos de inovação, e já se deu mal muitas vezes por tentar fazer coisas novas, como no caso do Virtual Boy. Os investidores não querem saber se os games são bons, mas sim se a empresa é lucrativa. Por essas e outras, eventos como a E3 andam sendo cada vez mais reticentes - para não dizer decepcionantes - e com poucas surpresas.

Hideo Kojima, criador de Metal Gear Solid, já disse uma vez que os consoles devem acabar em breve. Essa é a opinião compartilhada por muitas pessoas, e reforçada pelo avanço tecnológico dos smartphones, das smart TVs, entre outros aparelhos que podem tomar o lugar dos videogames num futuro não muito distante. Ou seja, o que faz a indústria de games crescer também pode estar acabando com ela.

Será que os jogos são realmente feitos para a diversão, ou não passam de mais uma parte de um sistema econômico que visa apenas o lucro, sem se preocupar com o bem do consumidor?