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segunda-feira, 8 de julho de 2013

A E3 dos usados

Quem acompanha a indústria de games a mais tempo já viu conferências épicas nas E3 de anos anteriores. Como esquecer aquela entrada triunfal de Shigeru Miyamoto bradando a Master Sword e o Hylian Shield após a apresentação do trailer de Zelda Twilight Princess em 2004? Dois anos depois, o próprio Miyamoto estava no palco regendo uma orquestra de Miis para mostrar o novo console da Nintendo. Geralmente, o que faz a plateia aplaudir de pé uma conferência de E3 são as novidades inesperadas. Em 2013, no entanto, o que gerou comoção foi a notícia de que nada mudaria: o Playstation 4 aceitará jogos usados.

Títulos de peso foram mostrados nessa E3, como Halo 5, The Division, Watch Dogs, Kingdom Hearts 3, Assassin's Creed IV: Black Flag, Elder Scrolls Online, entre outros. O grande destaque da feira foi, contudo, a conferência da E3 e o gesto significativo da empresa em manter sua política em relação aos jogos usados. A Microsoft anunciou o Xbox One alguns dias atrás e confirmou que ele precisará de conexão constante com a internet para funcionar, os jogos terão de ser obrigatoriamente instalados no HD do console e discos usados só funcionarão sob pagamento de uma taxa quase com o preço de um jogo novo.

Caso a concorrente também adotasse essas políticas, o mercado de usados estaria seriamente comprometido e os jogadores seriam prejudicados. Alguns desenvolvedores são contrários à revenda de jogos sob o pretexto de que ao comprar um jogo usado, não há lucro revertido para o estúdio que fez o game. Essa lógica, no entanto, não leva em conta todos os fatores. Ao perder o direito de adquirir um determinado jogo usado, o jogador provavelmente vai buscar outro jogo que seja barato, e não comprar aquele jogo especificamente, já que ele estaria caro.

Além disso, o mercado de usados amplia o acesso aos jogos e garante maior divulgação das franquias. Muitas vezes é mais lucrativo a longo prazo difundir a marca do que simplesmente vender algumas cópias a mais. Sem contar que o comércio de jogos de segunda mão ajuda a combater a pirataria, afinal é preferível um disco original usado que um pirata novo. Por esses e outros fatores, as revendas são muito importantes para manter aquecida a indústria de games e também são extremamente vantajosas para os jogadores.

Texto publicado originalmente por mim no Player Two.