As pessoas tendem a ver as coisas apenas de um ponto de vista e tirar conclusões baseadas em opiniões limitadas. Isso não só em relação a videogames, mas a praticamente tudo, desde política, futebol e religião até assuntos triviais. Existem pessoas que acham que os videogames se tornaram muito maduros e estão ameaçando a juventude, e gente que diz que a indústria de videogames deve abandonar os joguinhos simples e mergulhar em um mundo de histórias densas e emocionalmente complexas.
Porém, como eu disse, pontos de vista são limitados e é sempre necessário considerar tudo para formar sua opinião. Os games precisam sim evoluir, mas não se pode abandonar jogos voltados para a diversão como Mario, pois o motivo principal da existência de qualquer forma de entretenimento é, e sempre vai ser a diversão. Afinal, se existem filmes de comédia e livros engraçados e leves, é claro que devem existir jogos simples e legais de se jogar, sem precisar ficar refletindo sobre a condição humana ou o capitalismo.
E mesmo assim, já existem jogos complexos com histórias emocionantes e envolventes. Basta olhar ao redor e você verá jogos como The World Ends With You, uma das narrativas mais densas que eu conheço, sem deixar de ser um jogo difícil que exige reflexos e habilidade, e sem deixar de divertir, acima de tudo.
Vários games possuem histórias reais, maduras, que abordam mortes e assuntos sérios, e mesmo assim não perdem o fator diversão. Assassin's Creed tem um universo fictício baseado inteiramente no mundo real, fala sobre o fim do mundo, as grandes corporações, as manipulações da Igreja, guerras e busca pelo poder, e não deixa de ser um jogo que você pode simplesmente sair por aí andando pelos telhados matando guardas só pela diversão.
Nem sempre se leva em conta o fator psicológico, como em Persona 4, que aborda temas muito densos e diversos, como nosso redator Rodrigo, viciado em P4, pode explicar melhor. Mas também temos games como GTA IV que é classificado como "Mature" pela ESBR e não é recomendado para menores de 18 anos no Brasil, mas que não mostra nada mais do que filmes como Tropa de Elite também exibem.
Mas um game pode ser jogado de diversas maneiras, diferente de um livro ou um filme. É possível sair por aí matando todo mundo no GTA ou simplesmente pegar um helicóptero e voar pela cidade, sem nada ameaçador. Do mesmo jeito que Simcity parece inofensivo, mas é capaz de detonar uma cidade inteira com um botão apenas.
Os games evoluíram, e agora não se trata mais só de sobreviver num labirinto cheio de fantasmas ou resgatar uma princesa sequestrada, sem nada a se ponderar. O fator diversão agora coexiste com narrativas hollywoodianas e dramas profundos ou cenas de ação sangrentas. É preciso se comemorar a diversidade dos jogos e aproveitar o que cada um tem a oferecer, e encarar essa pluralidade não com um ponto de vista só, mas levando em conta tudo.
Afinal, um "Mature" estampado na capa não quer dizer nada.